Cepesp se reúne com representantes do BID e de cinco cidades latino-americanas para discutir o uso de big data para políticas públicas
Nos dias 19 e 20 de janeiro de 2021 aconteceu o Terceiro Encontro Regional do projeto Big Data para el Desarollo Urbano Sostenible, um projeto desenvolvido pelo Cepesp/FGV em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento e prefeitura de 5 cidades latinoamericanas – Miraflores, M
Nos dias 19 e 20 de janeiro de 2021 aconteceu o Terceiro Encontro Regional do projeto Big Data para el Desarollo Urbano Sostenible, um projeto desenvolvido pelo Cepesp/FGV em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento e prefeitura de 5 cidades latinoamericanas – Miraflores, Montevidéu, Xalapa, Quito e São Paulo. Referido projeto chega em sua última etapa e tem por objetivo desenvolver políticas públicas urbanas baseadas em evidências advindas de big data e tecnologias avançadas que o processem.
Ao todo foram 2 dias de debates e contou com um seminário aberto ao público, focado na discussão do uso de dados para a gestão urbana, os demais seminários e rodas de conversa foram restritos aos a representantes das cinco cidades participantes do projeto, com o objetivo de apresentar os avanços do projeto no ano de 2020 e discutir os próximos passos para esse ano.
Como destacado por Goret Pereira Paulo, diretora de Pesquisa e Inovação da FGV, esse projeto está alinhado ao objetivo da Fundação de contribuir para o desenvolvimento sócio-econômico dos países da América Latina e reforçou que desde as perguntas de pesquisa tudo foi co-criado dentro de uma articulação dos pesquisadores da FGV com representantes do BID e as cinco cidades participantes. O objetivo é que ao final esse processo de cocriação seja capaz de auxiliar as cinco cidades na otimização do transporte público e permitir, paralelamente, que esses avanços sejam replicados em outras cidades latinoamericas.
Maurício Bouskela, especialista sênior do BID, destacou ainda a relevância do projeto ao explorar o uso de dados para a tomada de decisão e formulação de políticas públicas. Como mencionado por ele, vivemos um momento de intensidade digital e é necessário se utilizar de dados para melhorar a realidade das cidades hoje.
O primeiro evento do dia “ O uso de dados na gestão urbana e o desenvolvimento de políticas públicas na América Latina” contou com a apresentação de representantes das prefeituras de Quito, Xalapa e São Paulo sobre os avanços na gestão obtidos a partir da exploração do uso de dados. Fernando Narváez, diretor de desenvolvimento tecnológico de Quito, apresentou os avanços de Quito na construção de um sistema de mobilidade que tenha a prefeitura como um orquestrador do sistema de mobilidade, organizado a partir de níveis. Antonio Sobrino e Rafael Palma, da prefeitura de Xalapa, apresentaram, por sua vez, os avanços que a cidade têm tido no planejamento do transporte na cidade, otimizando rotas, a partir da exploração de dados obtidos da cooperação com a população e os coletados ao longo do projeto.
Por fim, uma última plataforma foi apresentada pela cidade de São Paulo. Tomás Wissenbach destacou os avanços da prefeitura em matéria de publicização dos dados com a construção da plataforma Geosampa- um mapa digital que reúne diversas informações – e destacou o desafio que é a construção de uma ferramenta que atenda as necessidades do usuário e que apresentem os dados de forma rápida e direta. Esse primeiro evento contribuiu para que não só os representantes de cada cidade, como o público externo fossem informados dos avanços que cada uma das cidades têm tido no uso de dados e apreender as múltiplas possibilidades que existem em termos de políticas públicas criadas a partir de evidências.
O segundo seminário do dia, com público restrito às partes envolvidas no projeto, discutiu as alianças para o desenvolvimento e políticas de inovação aberta, momento em que as empresas parceiras, contratadas para o auxílio do desenvolvimento da tecnologia, tiveram espaço para compartilhar o progresso das ferramentas e escutar das cidades suas necessidades e os desafios que têm enfrentado para levar a cabo o projeto e se apropriar da tecnologia.
No dia 20, Patricia Mello, supervisora de pesquisa do Cepesp, abriu o segundo dia de trabalhos destacando que o projeto reforça a necessidade de construção de ambientes de inovação, capazes de mobilizar academia, governo e empresas na cocriação de produtos para resolver os problemas complexos que assolam as cidades.
A pesquisadora destacou que esse projeto em específico busca construir ferramentas capazes de atacar quatro desafios: a falta de transparência dos dados e projetos, a dificuldade de estimar e divulgar condições ambientais das cidades, o planejamento do transporte público e as deficiências no planejamento de trânsito. Para tanto, parte dos produtos e ferramentas desenvolvidos são comuns para as cinco cidades e podem futuramente ser utilizados por outras. Todavia, os direcionados ao planejamento do transporte necessariamente são específicos, já que precisam levar em conta o desenho e as necessidades específicas de cada localidade.
Depois da conferência, o evento contou com uma sessão de treinamento em que o professor associado da FGV EMAp, Jorge Poco, e Luiz Gabriel, da consultoria Urbe Box, apresentaram os produtos e ferramentas em desenvolvimento para uso e exploração dos dados e mostraram aos gestores os tipos de análises e a potencialidade que esses produtos têm para contribuir com o planejamento urbano. Como próximos passos, vislumbra-se a retomada de um diálogo mais intenso entre a equipe de pesquisadores e as cidades para aprimoramento das ferramentas e institucionalização dessas no processo de formulação de políticas públicas urbanas.