Coletânea feminina sobre comércio internacional traz artigos de pesquisadoras do Cepesp
No dia 08 de março foi lançado o Volume 1 da Coletânea WIT: Estudos sobre comércio internacional em homenagem à Professora Vera Thorstensen. A publicação, organizada pela rede Women Inside Trade em parceria com o Centro de Estudo do Comércio Global e Investimento da Escola de Economia da FGV, visa contribuir para uma maior representatividade feminina na literatura sobre comércio internacional. Este volume da Coletânea WIT traz dois artigos escritos pelas pesquisadoras do Cepesp, Patrícia Mello e Sarah Marinho.
Mello assina o artigo entitulado “Convergência internacional das políticas de regulamentação e normalização brasileiras do setor de petróleo e gás: uma investigação baseada na abordagem das redes globais de produção”. Neste trabalho, ela discute como as políticas locais de inovação se articulam com as redes globais de inovação. O principal argumento da autora é que as políticas regulatórias e de normalização podem tanto impor restrições que criem barreiras ao comércio internacional, quanto podem convergir com as políticas regulatórias e de padronização de outros países, facilitando o fluxo de mercadorias e serviços. No estudo, a autora analisa o caso dos regulamentos brasileiros do setor de petróleo e gás.
Para Patrícia Mello, é possível perceber uma influência das regulamentações locais nas redes globais de regulamentação do setor. Entretanto, os países de renda média – como o Brasil – muitas vezes não desenham tais regulamentações de acordo com sua política interna de desenvolvimento. Nestes casos, nota-se uma convergência das normas locais desses países às políticas dos países que são seus parceiros comerciais estratégicos.
Já, o artigo da pesquisadora Sarah Marinho, que compõe a Coletânea WIT, é entitulado “Propriedade intelectual e inovação radical no Brasil: por onde começar? Os resultados do sistema paulista de Parques Tecnológicos”. A autora aponta que, nos anos 90, havia uma expectativa de que o depósito de patentes aumentaria nos países em desenvolvimento, em decorrência do impacto do Acordo TRIPS (Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio) nos fluxos de investimento intensivo em tecnologia, gerando sinergias para o desenvolvimento de tecnologia também por empresas locais no longo prazo.
Analisando o caso do Estado de São Paulo, Marinho explora dados que evidenciam o aumento do depósito de patentes com a instalação dos Parques Tecnológicos no estado, já nos anos 2000. Porém, ao estudar a origem das empresas titulares destas patentes, a pesquisadora confirma que as tecnologias registradas via patente no recorte observado são de titularidade de empresas predominantemente estrangeiras. Assim, apesar de haver capacidade para inovação radical no Brasil, a pesquisa sugere que grande parte da riqueza gerada por esta inovação continua direcionada principalmente para o exterior.
Ambos os artigos, assim como os outros trabalhos que compõem o Volume 1 da Coletânea WIT, podem ser acessados em: https://ccgi.fgv.br/en/node/360.