Coordenador do Cepesp/FGV analisa o contexto da mobilidade urbana após a pandemia
Para o pesquisador, a pandemia agravou a crise do transporte público e dos serviços por aplicativo, sendo possível reverter este contexto com uma maior integração entre ambos os modais.
Para o pesquisador, a pandemia agravou a crise do transporte público e dos serviços por aplicativo, sendo possível reverter este contexto com uma maior integração entre ambos os modais.
Durante o Ciclo ILP-FAPESP de Ciência e Inovação, organizado pelo Instituto do Legislativo Paulista (ILP) em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), em outubro deste ano, quatro pesquisadores de São Paulo se reuniram para expor as mudanças que os centros urbanos devem sofrer no pós-pandemia da Covid-19. Participam do debate Ciro Biderman, professor da Fundação Getúlio Vargas e coordenador do Cepesp/FGV, Eduardo Amaral Haddad, professor da FEA-USP, Raquel Rolnik, professora da FAU-USP e Gabriel Pol Figueiredo, doutorando na FAU-USP.
Biderman falou sobre a relação entre a mobilidade urbana e a pandemia. Para ele, o contexto se dá pelo sistema de transporte que já passava por um cenário instável e teve, durante a pandemia de Covid-19, redução de aproximadamente 50% da demanda, mantendo um estoque de veículos e trabalhadores, fazendo com que o município subsidiasse o serviço de certa forma. Ainda, expôs que o sistema de ride-sharing (serviços de mobilidade por aplicativo), que se apresentava de forma instável no período pré-pandemia, acabou ganhando espaço e a competição desequilibrou o sistema.
O coordenador do Cepesp/FGV abordou também a experiência de subsídios na cidade de São Paulo, desde 2004, com o Bilhete Único, GPS nos ônibus e integração entre modos. Para ele, há duas grandes incógnitas para o futuro. Primeiro, quando retornaremos a 100% do nível de utilização do transporte público a níveis do período pré-pandemia — tendo em vista o trabalho remoto e o eventual encontro de outro tipo de transporte mais seguro, afirmando ainda que a separação da bilhetagem deve avançar trazendo um ambiente inovador ao transporte público. Segundo, como os operadores e concessionárias deverão reagir a essas possíveis mudanças? Embarcarão ou serão resistentes às alterações? Biderman acredita que as concessionárias devem aderir às inovações.
O pesquisador ainda ponderou sobre o serviço de ride-sharing, os quais não estão conseguindo cumprir com suas promessas, como a redução no congestionamento, viagens a preços inclusivos e altos lucros aos acionistas. Assim, a existência da pandemia gerou o aprofundamento da crise do transporte público e do ride-sharing.
Pensando em perspectivas futuras, Biderman destacou que o novo paradigma em mobilidade é a separação da contratação da tecnologia da operação do serviço, de modo a aumentar a confiança no transporte público, factíveis na tecnologia atual, bem como o transporte público integrado ao ride-sharing. Ciro destacou que é viável fazer uma integração bem maior da que há hoje em dia e que “sem se associar ao transporte público, ele (ride-sharing) não vai entregar nenhuma das ofertas feitas anteriormente. Os dois têm que se unir para o bem deles mesmos”.
Para saber mais, assista à gravação do webinar disponível no Youtube, clicando aqui.