As análises das políticas públicas brasileiras mudaram de qualidade nos últimos anos. Alinhada aos padrões internacionais, essa mudança é marcada pelo abandono de uma perspectiva normativa – onde o conflito entre “ser” e o “dever ser” determinava avaliações sempre “críticas” dos resultados alcançados – para uma perspectiva positiva.

Essa nova forma de analisar as políticas públicas, denominada como “baseada em evidências”, parte da construção de bancos de dados desagregados e utiliza instrumentos de intervenção e avaliação de políticas já conhecidos em outras áreas da pesquisa científica.

Quando comparadas à mudança ocorrida nas avaliações de políticas públicas, as análises sobre o funcionamento do nosso sistema político ainda deixam a desejar – a maioria das propostas não têm base empírica sólida, e utilizam casos selecionados apenas para ilustrar o argumento. Este descompasso entre a análise política e a das políticas públicas traz dificuldades consideráveis para quem se dedica a renovar essas últimas, pois limita a compreensão das restrições impostas pelo sistema político para a formulação de propostas inovadoras, reduzindo as chances de sua implementação.

Esse estudo se propõe a superar esse descompasso, criando condições para que a discussão de propostas de inovação do sistema político também possa ser baseada em evidências empíricas mais detalhadas, submetidas a análises com rigor teórico e metodológico. Nosso objetivo foi investigar os custos da campanha eleitoral no Brasil. O foco será nos deputados federais, cujo processo eleitoral tem sido objeto da maioria das propostas de reforma política.
 

Autor: Ciro Biderman, George Avelino, Jonathan Phillips, Lara Mesquita, Natália Salgado Bueno